Archive for the ‘Uncategorized’ Category

Escravidão

31/08/2019

Por acaso entrei numas de escravidão. Um vasto e excelente material para ler/ver/ouvir sobre o tema foi produzido/publicado/exibido nas últimas semanas:

– Pra começar, o extraordinário The 1619 Project, do New York Times, com ensaios e reportagens que têm o ambicioso objetivo de recontar a história dos EUA sob o impacto definidor da escravidão no país.

– Tem também o podcast desse projeto, que estreou na samana passada https://open.spotify.com/episode/4wA1RLFNOWCJ8iprngXmM0?si=e7ACv7pYQs-QEgYJlEgtAA

– A ótima série documental Rotas da Escravidão, de 2018, produzida pelo canal francês Arte, foi exibida este mês no canal Curta. São quatro episódios, de uns 50 minutos cada um, que contam a história dessa prática nefasta desde o ano 476 até 1888. Por sorte, todos os episódios estão no youtube e com legendas em português. Este é o primeiro: https://www.youtube.com/watch?v=3S9IWtHbLA8

– E tem Escravidão, o best-seller recém-lançado do Laurentino Gomes, com ênfase na escravidão brasileira. Esse primeiro livro de uma trilogia vai de 1444 a 1695, ano da morte de Zumbi. É informativo e de leitura fluida, como costumam ser os livros do autor, e um bom complemento à série de TV.

Tchau.

2010s

21/08/2019

‪Coisas que são super anos 2010:‬

‪- Instagram‬

‪- Boia de flamingo/donut/unicórnio‬

‪- Glitter‬

– Drone

– Streaming

– Mindfulness

– Brexit

‪- Uber‬

– Trap

– Vine

– Livros de colorir

‪- Cintura alta‬

‪- Pochete ‬(no peito)

– Viseira

– Cinquenta Tons de Cinza

‪- Funcional‬ (alimento, treino etc)

– Despacito

– The Handmaid’s Tale

– ASMR

– Slime

– Snapchat

– Fortnite

– Som de golfinho na música pop

– #MeToo

– Motivação

– “Feat.”

– Memes

– Selfie

– Pau de selfie

– Gilets Jaunes

‪- Coaching ‬

– Grime(s)

– Tênis feio

– Game of Thrones

– e-sports

– Anitta

‪- Neofascismo no Brasil e no mundo

– Grupo de Whatsapp

‪- Influencer‬

– Slam de poesia

– Minecraft

– Paleta mexicana (já morta)

– Jardim vertical

– House of Cards

– Bitcoin

– Fanbase

– Edward Snowden

– Elena Ferrante

– Hamburgueria com parede preta

‪- Crossfit‬

– Pabllo Vittar

– Whey

‪- VAR‬

– Fidget spinner

‪- Máscara de cavalo‬

– Docerias em tons pastel e letras cursivas no cardápio e na fachada

– Harmonização facial

– Cultura do Cancelamento

– Lousa em restaurante

– BB cream

‪- Gif da Gretchen‬

‪- Camisa com listras verticais coloridas masc‬ulinas

– Óculos com lente minúscula

‪- Bao‬

‪- Kombucha‬

– Kefir

– Bar/Restaurante tipo “industrial” (no brasil)

– Bar/restaurante com lâmpada com filamento laranja (no brasil)

– Bar/Restaurante pop up com móvel vagabundo de compensado de madeira com luzinha na árvore

– Food truck

– Terno azul royal ajustado com calça na canela

– Binge-watching

– Aluguel de bike

– Retrofit

– A porra do patinete

– Fake News

– 4G

– “Amiga” como vocativo

– Teaser de álbum

– Visual album

– Água micelar

‪- Color block‬

‪- Estampa de planta‬

– Escrevxr destx jeitx ridículx

Desespero Brazilero

01/05/2019

O Desespero Brazilero é uma doença mental, entre moderada e grave, que, se não ocorre exclusivamente no Brasil, é endêmica do Oiapoque ao Chuí com alta frequência e há tempo suficiente para que a enfermidade ganhasse esse nome.

A doença ataca os habitantes desse país tropical, sem distinção de idade, cor, gênero, classe social ou orientação sexual.

Os sintomas são basicamente o pavor incontrolável de ser passado para trás, muitas vezes literalmente. Como os doentes estão sempre cercados de brasileiros, eles consideram essa possibilidade altíssima.

Esse pavor se manifesta de diversas maneiras, sempre em público:

– O desespero para entrar no vagão do metrô *enquanto* as pessoas ainda estão saindo dele, mesmo que a porta fique aberta tempo suficiente para que todos saiam e entrem com tranquilidade. O aleijado acometido pela doença é incapaz de esperar o momento certo de entrar, pq sempre delira que aquele vagão vai fechar a porta rapidamente e deixá-lo para trás. Então ele invade o vagão e atropela quem estiver tentando sair —e tenta se sentar antes que o próximo; a doença também uma provoca uma confusão mental que faz com que o aleijado se sinta numa gincana imaginária.

– O desespero para sair do avião depois do pouso, de modo que o doente se levanta da poltrona antes mesmo de a aeronave estacionar, pq ele imagina que se ele não sair rápido o suficiente, talvez o avião continue a viagem com ele… e ele será deixado para trás. Igualmente ocorre o delírio da gincana imaginária em que o aleijado se considera “vencedor” se ficar 10 minutos parado em pé sem sair do lugar no corredor do avião.

– O desespero para atravessar a rua na faixa de pedestre. O doente acredita que ele deve esperar o mínimo possível, não importa se o sinal está vermelho pro pedestre. Então ele se posiciona não na calçada, como todos os que não possuem a doença, mas já no asfalto, observando atentamente o fluxo de veículos, dando passos para frente e depois para trás (várias vezes, e não raro amaldiçoado os carros), tentando não ser atropelado, desesperado para poder chegar ao outro lado da calçada, pq ele está disputando uma gincana imaginária com todos os outros pedestres que estão ao lado dele, de modo que ele *precisa* atravessar antes de todo mundo, mesmo desse jeito camicase. Ele não pode ser deixado para trás, jamais. Enquanto o doente fica indo e voltando no asfalto sem conseguir atravessar, a pessoa sadia espera calmamente o sinal abrir para o pedestre e atravessa, geralmente ao mesmo tempo que o doente.

– O desespero de não ser atendido pelo caixa do supermercado/padaria etc. O doente acredita que aquela pessoa que está na frente dele será a última pessoa que o caixa vai atender naquele dia, de modo que ele tem que se posicionar o mais próximo possível da pessoa à frente para que o caixa consiga perceber que ah, tem mais alguém na fila, então vou continuar o meu trabalho. Então o doente coloca suas compras junto das do desconhecido à frente (para logo depois dizer “não, esse é meu”) e se posiciona bem ao lado dele, como se fosse seu “conje”. O doente não suporta a possibilidade de ser passado para trás, então ele invade o espaço pessoal do outro para que isso não aconteça.

– (estudos também revelam que o doente que ataca no caixa também tem pavor de ser passado para trás de outra maneira: caso ele se posicione a mais de 30 cm de distância da pessoa à frente, o doente acredita que outro doente, ainda mais aleijado do que ele, considere esse espaço grande o suficiente para entrar na frente do enfermo. Então há um pavor duplo no caixa, é o Desespero Brazilero agudo.)

– O desespero de não conseguir sair do ônibus e ficar preso nele por toda a eternidade —ou no mínimo até o ponto final. Mesmo que o ônibus não esteja lotado, o doente se posiciona, logo ao passar a catraca, na frente da porta traseira do ônibus, ainda que vá descer dali a 11 paradas. E um doente com Desespero Brazilero chama outro, de modo que o ônibus fica entulhado de aleijado parado na porta da saída —e bons espaços vazios no meio do ônibus—, impedindo que as outras pessoas consigam descer, pq o pânico de não conseguir ele mesmo descer do ônibus faz o doente até SE SENTAR NOS DEGRAUS DA SAÍDA. Alguns médicos acreditam que o pavor de ser deixado para trás aumenta se o doente estiver indo para o trabalho ou voltando para casa. É uma cena deprimente, mas muito comum.

Não há cura para o Desespero Brazilero, mas a doença pode ser evitada com boas doses de educação já na primeira infância e até, no mínimo, o final da adolescência.

2017

05/12/2017

2016

24/12/2016

O que aprendemos com a votação do impeachment

18/04/2016
  1. Paletó com costura aparente na lapela é tendência
  2. O mesmo cirurgião fez rinoplastia em uns 10 deputados (ou são todos irmãos e irmãs)
  3. Gravata vermelha vota não, exceto Esperidião Amim, que votou com a rima
  4. Jean Wyllys foi de Harry Potter e mandou um Expeliarmus! no Bolsonaro
  5. Lugares fora do Brasil citados no voto —Europa, Jerusalém, Israel, Venezuela e Coreia do Norte— revelam que alguns deputados estavam confusos
  6. Implante capilar está no estágio inicial em uns 15 deputados
  7. Pelo menos 01 deputado votou de peruca
  8. Corrrrrrrrrrupção é bem mais dramática com sotaque gaúcho
  9. Ninguém tem sobrenome “Bisneto”, não seja ridículo, Arthur Virgílio
  10.  Se vc disser “sim” dez vezes durante o voto, a PF aparece na sua casa no dia seguinte
  11. Cabo, Delegado, Capitão, Professor e Pastor são nomes próprios de deputados
  12. Apenas 01 deputado chamou Dilma de “honesta&honrada”, mas votou pelo impeachment. Deve ser de Libra
  13. Melhor ato falho: “Esperando um Brasil mulher” – Marcos Montes (PSD-MG)
  14. Um deputado, provavelmente fã da Lana Del Rey, chamou a presidente de Dilma Lana Rousseff
  15. Boa parte dos deputados recitou o mesmo texto da propaganda de TV de quando eles eram candidatos
  16. Quanto mais à direita o deputado, mais alisado o cabelo de sua excelência, exceto o de Jean Wyllys, que fez relaxamento
  17. Uns quatro ou cinco deputados têm mulheres grávidas
  18. 01 deputado foi fantasiado de “militar”
  19. A deputada Brunny, conhecida por dançar funk de modo pouco evangélico, “é PR, mas não é covarde” e votou não, toda de vermelho
  20. Quando o deputado cita “constituição” ou “Tancredo”, o voto é um enigma: pode ser sim ou não
  21. Deputado que fala “meia quatro”, em vez de 64, apoiou aquele e apoia este golpe
  22. Enxofre foi o único elemento químico citado na sessão
  23. Excepcionalmente Maluf não roubou a cena, o que não quer dizer que ele tenha deixado de roubar
  24. Roberto Jefferson é o pai da Doris Giesse
  25. Tampinha é suplente
  26. Nhonho, do Chaves, se elegeu pelo Maranhão
  27. Salame se absteve
  28. Sérgio Reis não morreu

2015, o ano da bike

29/12/2015

  

2015

15/12/2015

   
   

40 anos

22/06/2015

Aos quarenta anos a vida até então vivida, sempre de maneira provisória, torna-se a própria vida, e essa ocorrência acabava com todos os sonhos, destruía todas as esperanças de que a verdadeira vida, a vida desejada, com todas as coisas grandiosas que as pessoas sonham em fazer, estivesse em outro lugar. Ao completar quarenta anos as pessoas compreendiam que tudo estava aqui mesmo, em tudo que há de pequeno e cotidiano, já pronto, e que assim seria durante todo o tempo futuro, a não ser que uma atitude fosse tomada. A não ser que houvesse uma última aposta.

Karl Ove Knausgård em Minha Luta 2 – Um Outro Amor

1985 x 2015

16/06/2015

Se o eu de 1985 perguntasse ao eu de 2015 como seria no futuro, diria que:
– as pessoas vão mudar de sexo. Não apenas vão se vestir como o outro sexo, mas mudam de sexo.

– Tambem vão mudar de cor.

– Telefones! Eles não terão fios, mas mais do que isso, vc pode continuar a falar mesmo depois de fechar a porta de casa, entrar no carro e ir embora. Mas vc não vai fazer isso! Pq vc vai poder escrever no telefone e fotografar e filmar com o telefone e enviar essa foto e esse vídeo pelo próprio telefone, sem precisar revelar. E grátis! E vc vai poder falar com qualquer lugar do mundo sem pagar nada por, digamos, videoconferência. E vc vai ler jornal, assistir à TV (inclusive a filmes!) e jogar pelo telefone. Vai até poder jogar Atari se quiser rs.

– Não vai ter ditadura. Mas muita gente vai querer que tivesse. E vai bater panela na janela, especialemte os mais ricos, pq não gosta do governo (não se preocupe, vc não vai virar um desses otários mal educados).

– E o Brasil todo ainda vai continuar a ver novela da Globo… Isso é deprê.

Fim

16/06/2015

– Mas pq não deu certo?
– Primeiro pq a vida dele gira em torno da porra do “treino” e do que ele come antes, durante e depois disso. E ele treina todos os dias (“sábado tb é dia”, aquelas palhaçadas), come o dia todo e posta tudo o que come, então imagine a minha alegria. 
Segundo pq ele só come coisa que termina com “ina”: proteína, albumina, glutamina, caseína, creatina e por aí vai. Falei: “Amigo, vamo falar a real, como eu não me chamo Cristina, tô vendo que desse mato não sai coelho”, peguei minhas coisas e fui embora.

Slow – Músicas para ouvir deitado

27/05/2015

Sozinho ou acompanhado.

11 journalism experiments

14/05/2015

Our list of the best 11 journalism experiments

Maio

05/05/2015

Jorge Ben

22/04/2015

De Zumbi a Zumbi: o melhor do rei do Brasil.

Roberto Carlos

14/04/2015

Este é o meu rei:

Abril

01/04/2015

Caetano Veloso

30/03/2015

Umas 4 horas de quase 50 anos de carreira:

Quando Elis Regina morreu

20/03/2015

A matéria da Veja (nada a ver com a revista de hoje) sobre a morte de Elis Regina, de 27/01/982, tem trechos muito bons:

– “A cantora Maysa garantia ter a prova de que faltava caráter a Elis: ela a teria induzido a beber numa noite, para derrubar sua apresentação num palco que ocupava em seguida. A acusação seria indiscutível se viesse de um semi-abstêmio como Roberto Carlos. Maysa, porém, dificilmente precisaria ser induzida a mais um copo”.

– “Teve um rápido romance há um ano com o cantor Fábio Júnior e, ao encerrá-lo, fulminou o ex-namorado: “Ele foi como um sorvete, gostoso e rápido, mas brigamos quando eu disse que ele estava com saudade do plim-plim da Globo”.

– “Num único dia da semana passada, a Odeon, gravadora do seu último LP, Elis Regina, recebeu 19 000 pedidos de cópias do disco, que vendera nos últimos dois anos modestas 50 000 unidades.”

– “Metódica, acompanhava atentamente a educação dos filhos, a arrumação dos copos, e era capaz de irritar-se se as suas meias coloridas fossem arrumadas fora da escala cromática que pacientemente concebera.”

– “De Elis Regina ficou a voz, exatamente o que esse complexo ser humano tinha de melhor.”

– “Antes da divulgação do laudo, no início da noite de quarta-feira, o diretor do IML, o polêmico legista Harry Shibata, telefonara para um amigo , o diretor do DOPS, Romeu Tuma, com uma dúvida. “Só me restam, a esta altura, duas hipóteses”, expôs Shibata. “Ou foi barbitúrico ou então a ingestão de cocaína com álcool, por via oral, que provocaram a morte. Você sabe me dizer se alguém toma cocaína diluída em líqüido?”

– “a lei manda que ela seja esclarecida por todos os meios, a começar pela autópsia, e acobertar o assunto o beneficia, em última análise, ao traficante que vendeu a Elis as drogas que a mataram.”

– “Seu velório estava enfeitado com uma constelação de astros de cinema, televisão, música e dança, como Lennie Dale, que foi preso em fevereiro de 1971, no Rio, com um enorme pacote de maconha.”

– “Os jornais da Globo dedicaram a Elis uma quantidade extras só comparável às da morte do presidente Annuar Sadat e do atentado contra o papa João Paulo II.”

– “A cocaína surgiu na sua viagem, aos EUA no início de 1981 para acertar a gravação de um disco com o saxofonista Wayne Shorter. Antes disso, ela consumia cerveja e vodca.”

– “Pelo menos um dos ex-namorados de Elis, o compositor paulista Guilherme Arantes, 28 anos, viu-a cheirando cocaína, durante o tempo em que andaram juntos no começo de 1981, no Rio de Janeiro.”

– “É possível, porém, que Elis jamais tenha sido viciada, nessa droga. Sua relação com a cocaína, provavelmente, insere-se no mesmo tipo em que estão alguns milhares de brasileiros, a maioria deles fora do meio artístico, ou intelectual – e que buscam nesta droga potente um socorro eventual.”

– “A melhor explicação, e a única capaz do desembocar num copo onde se misturam álcool e cocaína às 10 horas da manhã, está numa competitividade exacerbada.”

– “Arthur Conan Doyle encontrou no pó alguns dos complexos estratagemas vividos polo seu personagem Sherlock Holmes. Mas se o escritor usava a cocaína para divagar, outro consumidor, o papa Leão XIII, se valia dela como uma ajuda temporal para resolver os assuntos da Igreja.”

e os melhores trechos:

– “a cocaína, com sua ação sobre o córtex cerebral, difere das drogas popularizadas na década do 60, que se poderiam chamar de produtos do “esquerda”. Ela é essencialmente da “direita”: é a droga de quem não quer novidades, mas apenas poder. A cocaína faz do preguiçoso um prodígio de energia, do tímido um audaz, do lento um rápido, mas, na essência, não traz nenhuma idéia.”

– “a cocaína não entrou no quarto de dormir do Elis pela porta do modismo, mas precisamente pelo pique, pela sustentação que dá ao competitivo, pela segurança fugaz que oferece aos tensos. Nesse sentido, o próprio pó é a quintessência do caretismo.”

Português/comportamento avançado para estrangeiros

01/03/2015

Você sabia que no Brasil vc pode ser considerado rude ou “formal” se cumprimentar, se desculpar, agradecer ou pedir licença? Sim!

Por exemplo: Se você disser bom dia todos os dias para a mesma pessoa (no trabalho, p. ex.), isso pode fazer com que vc seja considerado “mala”. “Ai, lá vem o gringo falar bom dia de novo.”

O segredo está na entonação (tudo no Brasil é uma questão de entonação apropriada, como veremos adiante). Ou, o mais indicado, intercale o bom dia (diga-o umas 2x por semana) com um “oi, tudo bem?”. Ou não diga nada, apenas arqueie a sobrancelha e aponte o queixo na direção do interlocutor, se você fizer contato visual. Nós não vamos considerar essa grosseiria algo rude.

Isso vale para pessoas com quem você não encontra com frequência também. Mas, claro, pode dizer bom dia e boa noite (mas atenção ao dizer boa tarde, que só é válido entre 12:00 e 18:00, ou enquanto houver sol. Nós não cumprimentamos, mas sabemos muito bem qual seria o cumprimento correto se cumprimentássemos, de modo que você pode ser advertido por dizer bom dia às 14:00. Com simpatia, claro.)

Muito utilizado é o “pá”, não como o “pá” lusitano; esse é  “opa”, sem o “o”. O “opa” é um cumprimento sem a intimidade do “oi” nem a formalidade de um “bom dia”. É, basicamente, um muxoxo, e isso diz muito dos brasileiros, então pode ir nessa.

Também é visto com estranheza se você cumprimenta alguém inferior a você (no Brasil consideramos inferiores as pessoas visivelmente mais pobres que nós). Ou seja, ao fazer um pedido na padaria ou a um garçom (que o tratará por algo que varia entre “meu amor” e “patrão”), não diga bom dia/boa noite nem oi, vá já direto ao pedido. Mas atenção à entonação! Isso, sim, é fundamental. Então comece a frase com um sorriso (os brasileiros têm um talento especial de serem escrotos com simpatia) e diga levemente cantado e quase sensual: “Me vê dois pãezinhos. Bem morenhinhos, tá?”. Sem “por favor”. Ou você que ser visto como um sujeito “formal”? 

O “com licença”, assim como o “por favor”, é outro caso complicado, porque é uma expressão de civilidade composta por DUAS PALAVRAS. Você pode calcular o esforço que é para os brasileiros dizerem isso. Então eles não dizem nada, eles apenas o empurram ou invadem levemente o seu “espaço pessoal”, de modo a deixar bem claro que o Mogli em questão quer passar e não quer abrir a boca pra isso. 

Os mais educados sibilam um troço como “ss-ss” ou “sensa”, o que, longe de ser sensacional, é apenas um modo rude de fingir que é educado.

A gente não pede “desculpa”, muito menos pede “perdão”, se esbarrar em alguém ou indicar que quer passar. Desculpas são reservadas para situações graves (como desolé, que é mais do que pardon), tipo você derrubou o pote de acaí no vestido branco da moça. “Ai, desculpa!”. Porém em nenhuma situação cotidiana dizemos “sinto muito”. É muito dramático, nada vale essa expressão. 

Mas, de modo geral, diga “foi mal”. Você será visto como “informal” (o objetivo de todos) e educado ao mesmo tempo, uma beleza.

Já falei que os brasileiros não agredecem? “Obrigado” é uma palavra longa (nada como os telegráficos merci, thanks, gracias, takk, grazie etc.), de modo que isso é um problema. Ou não: se o interlocutor for inferior a você, você está socialmente desobrigado a agradecê-lo, seja lá com que expressão for. Diga, sei lá, “tchau”. Já será uma coisa nobre.

Como a gente não diz muito “obrigado”, a resposta ao agradecimento, o outrora famoso “de nada”, é ainda menos usado, pq achamos o “obrigado” tão formal, tão sério e tão grave que ficamos constrangidos de ganhar um agradecimento.

Então tentamos disfarçar esse desconforto maluco com um “magina!” ou “que é isso!”, como se disséssemos: “Pelo amor de deus, NÃO SE INCOMODE EM AGRADECER, eu não fiz nada demais, eu juro”. Aliás, nós dizemos mesmo, quase uma ordem: “não tem o que agradecer”.

Uma opção “informal” para agradecer é dizer “valeu”, mas isso não vale para todas as situações, só entre amigos (ou se o cara for inferior). Igualmente informal é responder ao agradecimento com um “falou” no lugar de “de nada”.

De qualquer maneira, diga “obrigado” sempre, essa é a minha dica. Você vai ser visto como um pouco “formal”, mas foda-se, diga. Por favor.

Brás Cubas

25/02/2015

“A mulher, quando ama outro homem, parece-lhe que mente a um dever, e portanto tem de dissimular com arte maior, tem de refinar a aleivosia; ao passo que o homem, sentindo-se causa da infração e vencedor de outro homem, fica legitimamente orgulhoso, e logo passa a outro sentimento menos ríspido e menos secreto —essa boa fatuidade, que é a transpiração luminosa do mérito.”

Brás Cubas

04/01/2015

Minha escola.

Verão 2015

27/12/2014

Le Bal Masqué

27/12/2014

A melhor playlist para as festas de fim de ano:

The Best of 2014

27/12/2014

Cinema 2014

26/12/2014

Os melhores filmes que vi em 2014:
1. Nymphomaniac 1 e 2
2. Boyhood
3. O Lobo de Wall Street
4. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
5. Mistaken For Strangers
6. Relatos Selvagens
7. 12 Anos de Escravidão
8. Praia do Futuro
9. O Grande Hotel Budapeste
10. Garota Exemplar

Os 23 melhores álbuns de 2014

09/12/2014

Quer dizer, se esta lista fosse de fato dos melhores do ano,  a ordem dos álbuns seria diferente e alguns discos dos quais eu não gostei tanto (ainda), mas que são absolutamente excelentes, como os do Aphex Twin, Damon Albarn, FKA Twigs, Dean Blunt, entre outros, teriam entrado.

Enfim, estes são discos excelentes que estiveram comigo em 2014. Também conhecidos como Os Meus Preferidos do Ano.

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1. St. VincentSt. Vincent

2. We Are ShiningKara

3. Perfume GeniusToo Bright

4. Tune-YardsNikki Nack

5. Run The JewelsRun The Jewels 2

6. Jack WhiteLazaretto

7. Pharrell WilliamsG I R L

8. Tony AllenFilm of Life

9. Steven James Adams House Music

10. How To Dress Well“What Is This Heart?”

11. Alt-JThis Is All Yours

12. Ibibio Sound MachineIbibio Sound Machine

13. JungleJungle

14. BrigitteA Bouche Que Veux-tu

15. TrickyAdrian Thaws

16. ClarkClark

17. Azealia BanksBroke With Expensive Taste

18. CaribouOur Love

19. La RouxTrouble In Paradise

20. Jessie WareTough Love

21. Sylvan EssoSylvan Esso

22. Kasabian48:13

23. Wild BeastsPresent Tense

Natal violento

17/11/2014

Justamente na época do ano em que os pinguins ganham bastante notoriedade no Brasil (e só no Brasil), com presença garantida em presépios de Natal, eles são estuprados por focas. Coincidência?

Se houvesse uma investigação séria, chegar-se-ia às renas do Norte, que sempre tiveram relações escusas com as focas do Sul e se ressentem da perda de espaço delas para os pinguins nos presépios brasileiros. Não é de hoje que as renas fazem passeatas pedindo impeachment dos pinguins (no que eu acho que elas estão cobertas de razão) e mandam os vitrinistas brasileiros pras Malvinas.

Mas o que não pode é essa violência! Onde essas focas pensam que estão? Na USP?

Le week-end

16/11/2014

Axé 80

14/11/2014

Na verdade, 3 músicas dessa lista são dos anos 90 (da Bamdamel, as três do disco Negra, de 1991), mas que ainda tinham aspectos do axé dos anos 80, notadamente o teor político (em Conversa Fiada, uma espécie de hino “vem pra rua” da época dos caras pintadas), em que o Olodum é o exemplo máximo até hoje (Revolta Olodum faz referência à Conjuração Baiana, Lampião, Antonio Conselheiro; que incrível uma música popular com esse tema, ne), mas com que até o festivo/machista Chiclete com Banana “flertou” em Fé Brasileira, de 1988, ano da nova constituição, que captura o zeitgeist, do orgulho de voltar a ser brasileiro.

Além do aspecto político, a Bandamel de 1991 celebra Salvador, o carnaval e o verão em Baianidade Nagô e Prefixo de Verão, um passo adiante ao axé “histórico”, sobre lendas e histórias de negros do sul a norte da África e a respectiva influência na Bahia (do Egito a Madagascar e além: Iraque, em Bagdá, também da Bamdamel), que dominou o começo do gênero, que eu vejo como um movimento de resgate, de orgulho da negritude pós-ditadura num novo tempo de liberdades.

Posso estar enganado, mas o axé do final dos anos 80 talvez seja o gênero e a época em que a música popular brasileira foi mais política e com referências históricas mais marcantes (mas não apenas isso) de toda a sua existência (e o curioso é que isso acontecia concomitante ao auge do Rock Br, com Legião, Capital Inicial, Barão Vermelho, Titãs, RPM, Paralamas, que eram também políticas nessa época, mas sob o ponto de vista da classe média, da relação com polícia e com os políticos etc).